#o paradoxo egoísta da disponibilidade ideal: daí que você quer mais tempo com aquela pessoa. mas você não quer namorar aquela pessoa, claro, porque você não tá pronto pra um relacionamento, você valoriza a sua independência, você vive um momento complicado, qualquer uma dessas coisas que você sabe que são verdade mas um lado seu tem medo que sejam apenas jeitos elaborados de dizer “quero estar disponível se rolar de beijar mais gente na boca”. mas você quer mais tempo com aquela pessoa. mas também não pode ser muito tempo, porque você também tá tentando focar mais no trabalho, você quer se reconectar com seus amigos, você quer ver mais sua família. mas você quer mais tempo com aquela pessoa. mas não pode ser em dia de futebol ou quando tem viagem da galera ou quando você tá cansado e apenas acha melhor ficar em casa. mas você quer mais tempo com aquela pessoa. mas não podem ser atividades que exijam compromisso emocional ou que sejam fora de mão em termos de trânsito e horário ou que venham a dar uma ideia errada das suas intenções e gerem implicações com as quais você não quer lidar. mas você quer mais tempo com aquela pessoa. mas também não quer vivenciar nenhum grau muito elevado de intimidade ainda que você queira em dados momentos realizar atividades que implicariam um grau mais elevado de intimidade. mas você quer mais tempo com aquela pessoa.
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Novos sentimentos desagradáveis na era do romance fluido
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Você não é o que você ouve (ou lê, ou assiste) ou “Rob Gordon estava meio errado”
Seres humanos são criaturas complicadas. E não falo apenas por todos os momentos em que você vê alguém fazendo algo absurdo, inexplicável ou apenas constrangedor e se vê coçando a cabeça e dizendo “é, complicado…” mas porque somos realmente complexos, em qualquer nível de análise.
Temos traços de personalidade conflitantes, atitudes contraditórias, um processo de comunicação cheio de sutilezas e nuances, uma variedade de características positivas e negativas imensa demais para ser realmente catalogada. Como eu já disse, somos complicados.
E por isso um recurso que sempre usamos, pra lidar com as outras pessoas e com toda a complexidade que elas representam, é a generalização, a simplificação, que é a nossa maneira de deixar de lado toda essa complicação e tirar daquela pessoa uma sinopse, uma imagem aproximada, sem ter que navegar em todos os detalhes que formam aquela personalidade. Por exemplo, Pedro não é “um cara tímido porém carente que lida com suas inseguranças usando o humor como escudo”. Pedro é “metido a engraçadão”. E pronto.
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Problemas práticos do romantismo teórico – XXII
Eu nunca gostei muito de conviver com ex-namorados de atuais namoradas. Não, não que eu seja do tipo ciumento que nem gosta de ouvir uma garota falar de um ex ou se sente inseguro e passivo-agressivo sempre que assuntos do passado vem à tona – eu posso falar dos meus tempos de colégio militar durante horas mas isso não quer dizer que eu vá sair correndo pra comprar uma boina, por exemplo – e também não é o caso de eu ter qualquer problema com a idéia de uma namorada conviver ou ter uma amizade com um ex-namorado, desde que termos como “colorida”, “recaída”, “eu tinha bebido” ou “com esse cabelo novo ele tava parecendo você” não apareçam subitamente na discussão. Been there, done that, sei que não é bacana.
Na verdade o grande problema com os ex-namorados da sua namorada, e que gira num campo totalmente conceitual e quase nada pessoal, é o de que eles te lembram de um fato desagradável, nada animador e no qual você definitivamente não quer pensar quando está com alguém: o de que você provavelmente também vai ser um ex-namorado, mais cedo ou mais tarde.
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Sobre Star Trek, Ellen Page e o seu tipo de garota
Como dá pra notar facilmente por aqui (e já foi mencionado em outros posts) eu não sou exatamente um poço de contundência, convicções e certezas. Claro, existem aquelas poucas diretrizes que me guiam no universo e me impedem de estar totalmente à deriva no caos da cultura ocidental moderna tal qual um barquinho de papel construído por uma criança sem coordenação motora, mas são poucas e não dariam uma página (nesse momento, por exemplo, eu só consigo pensar em heterossexualismo, futebol e que não gosto de uvas passas). E um desses tópicos sobre o qual eu tenho poucas certezas (e que acabou vindo à tona por causa das repetidas menções a meninas gordinhas e do post sobre ruivas) é o de qual seria exatamente o “meu tipo” de garota.
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